ARTIGOS


ORIGENS DO XAMANISMO

A palavra xamã é originária do idioma dos tungos da Sibéria. O xamã é o curandeiro de almas, um orientador e conselheiro pessoal que possui clarividência (dom de ver além) ou clauriaudiência (dom de ouvir) além do mundo comum e é designada tanto para o género masculino quanto para o feminino.

O xamanismo não reconhece sexo, idade, raça ou doutrinas religiosas. Por este motivo, está disponível a todo ser humano que esteja em busca de si mesmo ou de algo maior para sua completa realização, seja como essência, desenvolvimento mental e espiritual nesta vida.

O xamanismo é uma forma de ligar o todo com o universo. É parte fundamental da nossa herança com o mundo espiritual. E o dom que possuímos e que, por muitas vezes, por não desenvolvê-lo, tornamo-nos cada vez mais indefesos, enfraquecidos no mundo extremamente vulnerável e desgastante em que habitamos.

O xamanismo também é um estado de-espírito, uma forma de ver a vida como um todo. O xamã - ou a pessoa que se propõe a fazer este reencontro, este religar-se - tem de estar disponível, desejando abrir sua consciência para adquirir conhecimentos e discernimento acerca desta milenar sabedoria.

A tradição xâmânica fala de um importante papel do xamã e de sua função desde os tempos primordiais, em que as comunidades eram mais isoladas e auto-suficientes. A função dos xamãs, seja um homem ou uma mulher era de grande apoio à sua comunidade. Praticavam desde a cura a todo tipo de doença, aconselhavam, entravam em contato com os antepassados, os espíritos e os deuses para trazer mais informações e autoconhecimento ao seu povo.

Os xamãs eram muito sábios e, de acordo com o dom que tinham, exerciam funções de melhorar a qualidade de vida do ser humano como também cuidavam e ensinavam a cuidar da alma. A sociedade xamânica, ou as pessoas que possuíam dons especiais, fossem videntes, místicos, paranormais ou médiuns eram atraídos naturalmente para este mundo milenar dos xamãs. Possuíam uma clara visão dos sinais que lhes eram apresentados seja através de sonhos ou de suas próprias vidências. Uns sentiam essa energia no próprio corpo, na mente e na alma, e com isto passavam a buscar a sua própria evolução prestando grandes serviços à humanidade, cada vez mais necessitada dessa luz.

É usado no xamanismo expressões tais como animismo, que é um termo que deriva do latim anima, alma. Assim fica esclarecido que o xamã crê profundamente que todas as coisas vivas e seres possuem uma alma ou espírito. Tudo no universo emana essa energia.

Um dos papéis de um xamã é ser intermediário dos espíritos da terra: animais, a própria terra, a chuva, as colheitas. Entrar em contato com essa força poderosa da natureza é uma forma de prever os problemas, mas aprender, também, a solucioná-los com a força dos grandes espíritos.

A cada dia que passa, notamos com mais intensidade a importância do desenvolvimento xamânico em nossa sociedade, pois através do poder e do conhecimento, tornamos nossa missão valiosa pára toda a humanidade.


CARACTERÍSTICAS DO XAMÃ

Uma das principais características do xamã é que não se leva rótulos religiosos, tampouco preconceitos. Por este motivo, o xamã poderá estar na alma de um médico, de um político e de todo ser humano que deseje administrar bem suas emoções e evoluir no seu processo de auto-conhecimento.


O xamã, deve ser um exemplo para a sociedade. Ukm visionário, cuidadoso com a ética moral e respeitoso com a natureza. Assim, ao invés de ver o xamã como um vestígio do mundo selvagem e primitivo, em verdade eles são os precursores da evolução futura da humanidade.

O xamã é a pessoa que vê o mundo sagrado. Através de rituais, o xamã traz as visões do mundo espiritual. Por este processo ritualístico, mais semelhante a uma oração, imagem e arte, o xamã se cura, assim como aos outros e à terra. Tendo as visões de cura e fazendo rituais sagrados, o xamã faz as visões dele se tornarem realidade. O xamã manifesta a realidade do mundo visionário no mundo exterior. Foi assim que o criador fez todas as coisas e nós somos a visão do criador.



A PREPARAÇÃO DO FUTURO XAMÃ

Experiências traumáticas poderão ocorrer se a pessoa considerada xamã for apenas um curioso, pois no xamanismo desperta-se o dom através do toque divino, que é a permissão de ver claramente qual caminho irá percorrer.


OS SÍMBOLOS XAMÂNICOS

A arte rupestre, pinturas em cavernas ou em abrigos sob rochas, são encontradas em todo mundo, inclusive no Brasil, mostrando a importância dos símbolos na antiga cultura xamânica, que nos dão a certeza de que eram feitas após os transes ou viagens xamânicas.

As figuras humanas com características de animais (zoomorfas) mostram algumas formas de saída do corpo físico para o corpo astral envolvendo a viagem xamânica.

Entre as marcas mais antigas denominadas símbolos, estão as espirais e círculos em suas mais variadas formas. A espiral é uma imagem evocativa e simbólica de uma etapa da vida, representando lições e aprendizados. A espiral forma-se ao traçar-se um ponto que vai se movendo simultaneamente em movimento circular, revelando o movimento da própria vida e ascendência espiritual. As linhas circulares que se exteriorizam referem-se à natureza cíclica de existências, ou seja, os ciclos da vida. É o movimento exterior, o crescimento espiritual e emocional de uma pessoa. É assim que, na medida em que se percorre este caminho, há uma evolução e distanciamento de seu ponto inicial, a origem de tudo, para atingir novas dimensões.

Na tradição celta, a espiral diz respeito às três etapas da vida: jovem, adulto, ancião. A espiral em labirinto representa aprendizagem, experiência, iniciação e sabedoria milenar.

O círculo é a linha sem fim. Representa o nascimento, a vida, a morte, a reencarnação. Para que um ciclo comece, o outro tem que terminar. Os círculos que incorporam um dentro do outro, mostram, de maneira universal, a totalidade da criação, sugerindo que o movimento do universo esta interligado e relacionado com o Uno, o Todo, a criação que circunda nossas vidas e que o xamanismo nos ensina a estar atento a essas etapas.

A roda da medicina ou o arco sagrado, como é conhecido no xamanismo, é usado na prática da meditação. E o símbolo das crenças espirituais, também dos indígenas da América.

Um círculo dividido por duas linhas simboliza uma a estrada azul do espírito, do leste para o oeste. A outra, simboliza a estrada vermelha da vida, do sul para o norte.

A importância dos símbolos em todas as culturas milenares é sagrada. Porém, no xamanismo, a representação é vista como essência criativa do universo, assim como o romper do sol mostrando, no xamanismo, um sol em forma de pontas de flechas.

O romper do sol representa também a linha do espírito que evoca a imagem da essência do universo respirando a vida em todas as coisas.


ANIMAIS DE PODER

Entre os animais de poder, todos são importantes, mas a Águia simboliza o pai do xamanismo.

Cada pessoa pode descobrir qual é o seu Animal de Poder, ou seja, um animal que simbolizará uma força interior especial, disponível ao praticante para que ele se sinta mais preparado em suas experiências. Este animal poderá ser invocado em todas as viagens.


PRÁTICAS XAMÂNICAS

Os xamãs da atualidade, em sua maioria, não usam plantas alucinógenas, como acontecia nos tempos primórdios, porém utilizam técnicas tradicionais para evoluir o corpo e a mente, tais como:

- práticas de respiração
- danças circulares e frenéticas
- sons de instrumentos musicais como tambores e maracás, que elevam o ritmo de reflexão e transcendência da alma

Com a aplicação desses tradicionais recursos do xamanismo, inovamos a sintonização com novos tipos de consciências e de níveis elevados de energias telúricas (energia que emana da terra), proporcionando um relacionamento perfeito entre o homem e a natureza.

O rufar dos tambores ou dos objetos de percussão xamânicos são fortes e mexem profundamente com o cérebro até que a pessoa sinta seu corpo flutuar pouco a pouco, relaxando lentamente até que, através do exercício da respiração e da dança, entra em transe.

Esse mágico encontro ocorre naturalmente com seus encantos em perfeita harmonia cósmica.


CANTOS XAMÂNICOS

Os cantos xamânicos são de poder incrível. A melodia pode variar entre as tribos devido às suas características culturais e históricas próprias, mas todos os cantos são poderosos.

O xamanismo demonstra e reverencia a natureza em sua totalidade.

Durante todos os rituais xamânicos, a música com sons de maracá, tambores e outros instrumentos usados pelos xamãs e pajés são de vital importância a este processo de meditaçã
o.


O TAMBOR

Os tambores xamânicos existem há pelo menos 40 mil anos em todas as culturas tradicionais do planeta. O tambor está associado à:

- direção Sul
- ao arquétipo do Curador
- ao elemento Terra
- às criaturas de 4 patas
- e com a qualidade de curar

O tambor é utilizado para produzir diversos tipos de ritmos com finalidades diferentes, que vão desde a música para a celebração e dança até um toque constante que leva ao transe profundo ou a um frenesi coletivo.

O uso do tambor permite que a pessoa conecte as batidas de seu coração com as da Mãe Terra, gerando um sentimento de profunda conexão com o planeta.


O som do tambor facilita a conexão de qualquer pessoa com seu mundo interior e com todos os ritmos de seu corpo, produzindo um estado de relaxamento, de equilíbrio e ampliação de consciência, proporcionando assim, uma conexão harmoniosa com os ritmos planetários e cósmicos.